sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jesus afirmou ser Deus?


Jesus é Deus?

Por Jonadabe Rios

jonadabe.rios@hotmail.com



As afirmações extremadas de que Jesus é somente Deus, ou que é apenas humano têm sérios problemas. Se Jesus é somente Deus, como conseguiríamos seguir o exemplo dele, se ele é um ser que pode tudo? Seguir seus passos seria algo impossível, pois ele estava aqui na terra apenas com a aparência humana. No entanto, se Jesus fosse somente humano, como o sacrifício dele poderia nos salvar inteiramente?

Como assim o sacrifício não poderia nos salvar completamente? É uma questão Bíblica e lógica. Pois o pecado nada mais é do que uma ofensa grave a Deus e ao propósito que o homem foi criado. Deus é um ser infinito, por isso a reposição deve ser infinita. Mas nós por natureza somos finitos, e consequentemente não podemos pagar isso por si mesmo com nossas obras. A Bíblia então revela que foi necessário que Deus se tornasse homem para que o ser humano pudesse voltar a ter um relacionamento perfeito com Deus, e que Jesus tem tanto a natureza humana quanto a Divina. Alister McGrath comenta : "Como ser humano, Cristo tem a obrigação de Paga-lo; como Deus, ele tem a habilidade de paga-lo." (Teologia para amadores, p. 19).

Quero deixar claro que nesse texto pretendo mostrar que Jesus afirmou ser Deus, mas não provar essa afirmação, pois isso pode ficar pra outra ocasião. Mas ficando claro que Jesus afirmou ser Deus algumas conseqüências são óbvias caso elas sejam verdadeiras. Os profetas e líderes de outras religiões, até mesmo denominações que se dizem cristãs, ou estão enganados, ou são mentirosos e querem enganar. Isso serve aos que acreditam em revelações de espíritos que se dizem de luz.

Não vou tratar sobre a humanidade, pois ela é óbvia em nossos dias, embora as principais heresias que a igreja primitiva lutou foram contra a humanidade de Jesus. Então, Jesus afirmou ser Deus? O que significa a afirmação de que o verbo se fez carne? Como responder as principais críticas da Divindade de Jesus?



Atributos intransferíveis.


Existem atributos que certas pessoas possuem que nenhuma outra possui. Características que mesmo sem afirmar "Sou tal pessoa" sabemos quem é. Essas características podem indicar também a natureza e personalidades únicas. Suponhamos que apareça um desconhecido, e aos poucos você começa a saber mais dele. Ele conta que nasceu cerca de dois mil anos atrás, você se espanta. Dois mil anos? Como pode? Ele continua a dizer que teve 12 apóstolos, que se chamavam Pedro, André, Tomé, Filipe, Mateus, Bartolomeu, Tiago filho de Zebedeu, Tiago filho de Alfeu, Simão o Zelote, Judas Tadeu, João e Judas Iscariotes. Pedro o negou três vezes, e Judas Iscariotes o traiu. No final da conversa conta que morreu numa cruz, na cruz tinha uma placa com "INRI", e ao seu lado tinha dois ladrões também crucificados. Pra concluir a conversa ele diz que ressuscitou ao terceiro dia.

Você se espanta mais ainda, afinal, só uma pessoa em toda a história tem todos esses "requisitos". Não precisou dizer o nome pois você, através dos atributos intransferíveis, sabe quem é. Mais aí você ficou com algumas opções: Essa pessoa é lunática, é um brincalhão, um mentiroso ou é quem afirma ser.

Como já sabe, esta pessoa afirmava ter as características intransferíveis de Jesus, e consequentemente afirmava ser Jesus. Jesus também fez afirmações parecidas, ele disse que possuía certos atributos que só Deus possui. E mesmo não afirmando "Eu sou Deus" (Embora nunca tenha dito "Não sou Deus") diretamente, diversas vezes ele afirmou possuir a natureza divina. Não só Ele, mas seus discípulos. Alias, Jesus parecia gostar de fazer isso na frente dos fariseus e outros líderes religiosos. Alguns exemplos de atributos intransferíveis de Deus são a onipotência, onipresença, onisciência, soberania e eternidade. Existem outras e diversas afirmações que falam de sua natureza. E uma vez que Jesus afirmou possuí-las, ele afirmou ser Deus. O mesmo Deus que salvou Israel do Egito, adicionou a humanidade para si, morreu e ressuscitou para redimir os nossos pecados e nos dar esperança da ressurreição no último dia. Como disse Bruce L. Shelley: O cristianismo é a única grande religião que tem como fato central a humilhação de seu Deus.

Agora, da mesma forma da analogia anterior, pense ter encontrado certo narazeno, fazendo afirmações como: "Eu sou Alfa e o Omega, o Principio e o fim, o primeiro e o ultimo, aquele que era, que é e que há de vir. Tenho todo o poder para perdoar os pecados você precisa que seus pecados sejam perdoados por mim. Eu sou a luz do mundo, e todo que não andar em mim está em trevas. Quer que um pedido seja respondido? ore em meu nome. Quer acesso ao Pai? Eu e o Pai somos um, ninguém vai a Ele se não for por mim. Sou o auto-existente, eterno, Pai da Eternidade, Príncipe da paz, Deus forte, e antes que Abraão existisse Eu Sou!". Você vai mais adiante e ele é adorado, mas só Deus deve ser adorado - Êx 20.1-4; Dt 5.6-9; At 14.15 - mas ele não diz que isso é errado, pelo contrário, elogia. Ele diz que deve ser honrado da mesma forma que o Pai (Jo 5:23). Ele afirmou compartilhar a glória de Deus desde a eternidade (Jo 17:5), E em Isaias 42:8 Deus disse: "Não darei a outro a minha glória". Ele afirmou ser o doador da vida (Jo 5:21-23); Mas somente Deus, Eu Sou, dá a vida. (1 Sm 2:6; Dt 32:39).



"Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?" Mc 2:7


C. S. Lewis foi muito bom ao explicar isso:


"A não ser Deus, isso, para quem fala, é tão absurdo que chega a ser cômico. Todos nós podemos entender que um homem perdoe as ofensas que recebe. Pisam em meu pé e eu perdôo, roubam meu dinheiro e eu perdôo. Mas o que pensaríamos de alguém que, não tendo sido roubado nem pisado, anunciasse que nos perdoa por termos pisado nos pés dos outros e roubado o dinheiro dos outros? O mínimo que poderíamos fazer seria chamar de petulância obtusa a conduta de quem assim procedesse. Entretanto, foi isso que Jesus fez. Ele disse a muitas pessoas que os pecados delas estavam perdoados, sem nunca consultar os que tinham sido prejudicados por esses pecados. Agia sem hesitação como se fosse a parte mais interessada, a pessoa mais ofendida em todas as ofensas. Isso só tem sentido se ele realmente era o Deus cujas leis são quebradas e cujo amor é ferido em cada pecado. Na boca de qualquer outra pessoa que não fosse Deus, essas palavras seriam para mim consideradas como uma tolice e vaidade jamais igualadas por qualquer outra personagem da História.

No entanto, mesmo os seus inimigos (e isso é a coisa mais estranha e mais significativa), quando lêem o Evangelho, não têm normalmente a impressão de tolice e vangloria. Muito menos a têm os leitores imparciais. Cristo diz ser "humilde e manso" e acreditamos; não nos damos em conta que se ele fosse só humano, a humildade e a mansidão seriam as características que menos descreveriam algumas de suas afirmações."


Em outra ocasião ele diz mais sobre o assunto:


"Entre aqueles judeus, repentinamente surge um homem que sai falando por aí como se ele mesmo fosse Deus. Afirma perdoar pecados. Diz que sempre existiu. Diz que julgará o mundo no final dos tempos. Vamos deixar uma coisa clara. Entre os panteístas, como os indianos, qualquer um pode dizer que é uma parte de Deus ou um com Deus: não haveria nada de muito estranho em relação a isso. Esse homem, porém, uma vez que era judeu, não poderia estar se referindo a esse tipo de Deus. Na linguagem daquele povo, Deus significava um ser fora do mundo, que o fizera e que era infinitamente diferente de qualquer outra coisa. Quando você entende isso, percebe que aquilo que esse homem diz foi, de maneira bem simples, a coisa mais chocante que jamais fora pronunciada por lábios humanos."


Eu Sou. Uma afirmação subjetiva?


Algumas pessoas podem dizer que afirmar isso é muito subjetivo, afinal, Eu sou, dizem eles, pode significar que é qualquer coisa. Mas não para os Judeus, muito menos para o contexto inserido. Vamos analisa-los.


Em Êxodo 3:14 diz:


14 E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

15 E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.


Primeiro Deus diz a Moisés: "EU SOU O QUE SOU"


Depois Ele disse: "Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós."


Esse "Eu Sou" tem tantas implicações que a Torre de Vigia fez uma tradução forçada que não se pode fazer pelo grego.


Deus se identifica assim em outro momento:


"Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão."

Dt 32:39


Por isso muitos se espantaram quando Jesus fez esta afirmação: "Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, EU SOU." João 8:58


Peter Kreeft no livro “O dialogo” diz que “Ninguém realmente sabe pronunciá-la, porque ninguém jamais se atreveu a pronunciá-la exceto Deus, e não se escreveu a palavra toda, apenas as consoantes, o Tetragrama. Nas Bíblias antigas ela aparecia escrita Jeová, e em algumas mais modernas, Javé. Significa ‘EU SOU’. [...]É o único nome puramente de primeira pessoa, particular, subjetivo, singular.”. Nenhuma pessoa pode dizer esse nome sem reivindicar ser Deus. E foi isso que Jesus fez. Disse que era Deus pronunciando o que nenhum judeu diria, um nome que só pode ser pronunciado pelo seu dono. Esse foi o motivo da revolta de muitos deles contra Jesus (João 8:59).


Dizer que Jesus foi muito subjetivo afirmando isso é ignorar todo o contexto inserido pra apenas sustentar a pressuposição de que Jesus não pode ser Deus.



Filho do Homem?


Mc 14


61 Mas ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?

62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu.

63 E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas?

64 Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte.


O sumo sacerdote e seus assistentes sabiam das implicações da afirmação que Jesus fez ai, quando referiu a si mesmo como "Filho do Homem" e que viria nas nuvens. Ele estava fazendo referencia direta a uma profecia de Daniel (Dn 7.13,14, onde o Filho do Homem receberá autoridade do Deus Pai e será adorado por todos. Eles sabiam muito bem que só Deus pode receber adoração, e Jesus disse que todos, inclusive eles iriam adora-lo. Acho que Jesus fazia questão de deixar os lideres religiosos da época desajeitados.



Uma listas de afirmações de Jesus.


- Ele declarou: "Eu sou o Primeiro e o Último" (Ap 1.17) - Deus referiu a si mesmo assim Isaías 44.6

- "Eu sou o bom pastor" (]o 10.11) - "O SENHOR é o meu pastor" (Sl 123.1)

- Jesus afirmou ser o juiz de todas as pessoas (Mt 25.315; Jo 5.27) - Joel apresenta Deus dizendo: " ... me assentarei para julgar todas as nações vizinhas" (]13.12)

- Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida" (]o 8.12). Mas o salmista declara "O SENHOR é a minha luz" (127.1)

- Jesus declarou: "Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer" (]o 5.21). Mas o AT ensina claramente que somente Deus é o doador da vida (Dt 32.39; 15m 2.6), aquele que levanta dos mortos (Is 26.19; Dn 12.2; Jó 19.25) e o único juiz (Dt 32.35; JI3.12)


Ocasiões em que recebeu e permitiu adoração:


Uma mulher Cananéia (Mt 15.25);

Todos os discípulos (Mt 28.17);

Um leproso curado (Mt 8.2);

Dirigente de uma sinagoga (Mt 9.18);

Pelos discípulos (Mt 14.33);

Mãe de Tiago e de João (Mt 20.20);

Endemoninhado geraseno (Mc 5.6);

Homem cego que foi curado (Jo 9.38);

Tomé, que disse: "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20.28).


Estes são algumas das passagens bíblicas que vislumbram a divindade de Jesus. Existem muitas outras, e várias profecias que dizem isso. Mas considero essas suficientes pra mostrar o que Jesus achava sobre si mesmo. Até mesmo seus discípulos tinham como Deus.



Principais críticas da divindade de Jesus.


“Um certo homem [...] perguntou [...] Bom mestre, o que devo fazer [...] Jesus respondeu: Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, senão Deus” (Lucas 18: 19).


Jesus estava falando para aquele homem: "Só Deus é bom, sabe das conseqüências das suas palavras não é? Sabes que está me chamando de Deus, pois ninguém é bom senão Deus." Jesus está levando esse homem a considerar as implicações de chama-lo de bom. "Está me chamando de Deus?"


E isso fica claro no contexto, pois alguns versículos depois quando diz ao cego "42 Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou.", que pretensão seria de um simples homem (que se dizia humilde) afirmar que aquela fé (que foi depositada em Jesus) o tinha salvo.


Fica mais claro ainda se analisar o que Mateus registra dessa conversa, e novamente alguns versículos depois Jesus diz que é o "Filho do homem" que vai "assentar em seu trono glorioso". Essa não é a única vez que Jesus se intitula como o Filho do Homem, e isso tem ligação a uma profecia de Daniel (Dn 7.13,14), onde o Filho do Homem receberá autoridade do Deus Pai e será
adorado por todos.


Foi esse um dos motivos da indignação dos sacerdotes em outra passagem que ele se refere como o Filho do Homem (Mc 14:63,64), pois eles sabiam muito bem que só Deus deve ser adorado, mas Jesus estava afirmando que ele seria adorado, inclusive pelos sacerdotes.


As outras objeções à divindade de Jesus vem de um mal entendimento do que significa a afirmação de que o “Verbo se fez carne” e não entender o que significa a Trindade. Por isso antes de analisar as outras questões, vamos ver o conceito disso.



"E O Verbo se fez carne..." Jo 1:14 3

A afirmação de que Deus se fez homem não quer dizer que ele se limitou a natureza humana, mas que acrescentou a humanidade, se subordinou ao Pai e aceitou todas as limitações que nós seres humanos temos, mas não pecou. Foi isso o que Paulo quis dizer em Filipenses 2:5--11, Jo 1:1-14; Hb 2:17;


5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.



Quando Jesus foi concebido não deixou de ser Deus mas acrescentou a natureza humana. Jesus enquanto estava como humano, estava sujeito as nossas fraquezas, tanto que em tudo foi tentado, sentia fome, sede e medo, como todos que tem a natureza humana. Ele não deixou de ser Deus, pois essas tentações não eram para sua natureza Divina.


E a trindade?


Falar da natureza de Deus é falar que espécie de ser Ele é, falar da personalidade de Deus é sobre quem Ele é. Quando falamos que Deus é uma trindade, queremos dizer que ele é uma pluralidade dentro de uma unidade. Ele tem uma natureza divina (o quê) compartilhada pelas três pessoas (quem) - o Pai (quem 1), o Filho (quem 2) e o Espírito Santo (quem 3).


Norman Geisler da uma boa explicação:


"A identidade desse ser tripessoal é composta de uma relação interna que contém três pessoas individuais distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Agora pode ficar um pouco mais claro que o quê infinito (Deus) não se tornou um quê finito (homem); ao contrário, Deus o Filho (quem 2), tendo uma natureza infinita (quê 1), acrescentou-se e assumiu uma natureza finita - um quê finito (quê 2). Não há três deuses (três quem) - há somente um Deus (quê 1) e três pessoas (três quem) que possuem essa única natureza divina. Foi somente a segunda pessoa, Jesus (quem 2) que compartilha a natureza divina (quê 1),, que assumiu uma segunda natureza, a natureza humana (quê 2)


Conseqüentemente, Jesus, Deus-Filho, veio à terra assumindo a natureza humana.


[...]


A doutrina simplesmente é que nosso Senhor Jesus Cristo como eterno Filho de Deus reteve o complexo total dos atributos divinos, e sempre e em todas as circunstancias comportou-se de maneira perfeitamente coerente com seus atributos divinos. Ele assumiu um complexo de atributos humanos essenciais e, durante "os dias de sua carne" (Hb 5:7) sempre e em todas as circunstâncias comportou-se de maneira perfeitamente coerente com sua natureza humana sem pecado."


Trindade




Portanto nas questões como “Deus pode ser tentado?” temos que levar em conta as duas naturezas de Jesus. Jesus pode ser tentado? Como Deus, não. Como homem? Sim. Na mesma ocasião que Jesus foi tentado vemos que os anjos reconhecem sua divindade:


10 Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
11 Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam.


Só a Deus servirás, e os anjos o serviam.



Conclusão.


Em várias ocasiões o Novo Testamento faz questão de mostrar que Jesus tem as duas naturezas. Por isso em questões como essas não devemos esquecer disso. Para concluir, gostaria de deixar um texto de Martim J. Scoot sobre a encarnação:


“Como todos os cristãos sabem, a encarnação significa que Deus (isto é, o Filho de Deus) se fez homem. Isso não quer dizer que Deus se tornou homem, nem que Deus cessou de ser Deus e começou a ser homem; mas que, permanecendo como Deus, ele assumiu ou tomou uma natureza nova, a saber, a humana, unindo esta à natureza divina no ser ou na pessoa – Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Na festa das bodas de Cana, a água tornou-se em vinho pela vontade de Jesus Cristo, o Senhor da Criação (João 2:1-11). Não aconteceu assim quando Deus se fez homem, pois em Caná a água deixou de ser água, quando se tornou em vinho, mas Deus continuou sendo Deus, quando se fez homem.

Um exemplo que nos poderá ajudar a compreender em que sentido Deus se fez homem, mais ainda não ilustra de maneira perfeita a questão, é aquele de um rei que por sua própria vontade se fizera mendigo. Se um rei poderoso deixasse seu trono e o luxo da corte, e vestisse os trapos de um mendigo, vivesse com mendigos, compartilhasse seus sofrimentos, etc., e isto para poder melhorar as condições de vida, diríamos que o rei se fez mendigo, porém ele continuou sendo verdadeiramente rei. Seria correto dizer que o que o mendigo sofreu era o sofrimento de um rei; que, quando o mendigo expiava uma culpa era o rei que expiava, etc.

Visto que Jesus Cristo é Deus e homem, é evidente que Deus, de alguma maneira, é homem também. Agora, como é que Deus é homem? Está claro que ele nem sempre foi homem, porque o homem não é eterno, mas Deus o é. Em um certo tempo definido, portanto, Deus se fez homem tomando a natureza humana. Que queremos dizer com a expressão “tomar a natureza humana”? Queremos dizer que o Filho de Deus, permanecendo Deus, tomou outra natureza, a saber, a do homem, e a uniu de tal maneira com a sua, que constituiu uma Pessoa, Jesus Cristo.

A encarnação, portanto, significa que o Filho de Deus, verdadeiro Deus desde toda a eternidade, no curso do tempo se fez homem também, em uma Pessoa, Jesus Cristo, constituída de duas naturezas , a humana e a divina. Isso, naturalmente é um mistério. Não podemos compreendê-lo, assim como tampouco podemos conceber a própria Trindade. Há mistérios em toda parte. Não podemos compreender como a erva e a água, que alimentam o gado, se transformam em carne e sangue. Uma análise química do leite não demonstra conter ele nenhum ingrediente de sangue, entretanto, o leite materno se torna em sangue e carne da criança. Nem a própria mão sabe como no seu corpo se produz o leite que dá a seu filho.

Nenhum dentre os sábios do mundo pode explicar a conexão existente entre o pensamento e a expressão desse pensamento, ou seja, as palavras. Não devemos, pois, estranhar se não podemos compreender a encarnação de Cristo. Cremos nela porque aquele que a revelou é o próprio Deus, que não pode enganar nem ser enganado.”



Espero que todos preconceitos sejam deixados de lado, e você tenha chegado a óbvia conclusão de que Jesus afirmou ser Deus, o mesmo Deus criou o mundo (Mt 3:3; Is 40:3-10).


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