quarta-feira, 14 de outubro de 2009

(Aborto) Sócrates e Herodes debatem.

Por Peter Kreft


Herodes: Eles [os pró-vida] alegam saber o que de fato não sabem: que o feto é uma pessoa humana desde o momento da concepção.

Sócrates: E você? Você não declara saber o que não sabe?

Herodes: Não. Essa é minha vantagem e minha sabedoria. Não alego saber o que não sei. Eles sim. Eles são os dogmáticos. Os teólogos, filósofos e cientistas discutiram a respeito disso por muitos anos sem acordo. É dogmatismo claro algém reinvindicar certeza desse ponto polêmico. Simplesmente não sabemos quando o feto se torna uma pessoa humana. Qualquer um que declara saber é tolo porque alega saber o que não sabe.

Sócrates: Você não sabe se o feto é uma pessoa, certo?

Herodes: Certo.

Sócrates: E o teu trabalho aqui é matar fetos, certo?

Herodes: Sócrates, eu continuo chocado com a linguagem que você resolve usar. Eu aborto gravidez indesejada.

Sócrates: Matando fetos ou fazendo outra coisa qualquer?

Herodes: (Suspiro...) Matando fetos.

Sócrates: Sem saber se são pessoas ou não?

Herodes: Oh, bem...

Sócrates: Você disse instantes atrás que não sabia quando o feto se tornava uma pessoa. Você sabe agora?

Herodes: Não.

Sócrates: Então você mata fetos sem saber se eles são pessoas ou não?

Herodes: Se tem de ser colocado dessa forma.

Sócrates: Ora, o que você diria de um caçador que atira quando vê um movimento brusco nos arbustos, sem saber se é uma corça ou outro caçador? Você o chamaria de sábio ou tolo?

Herodes: Está dizendo que eu sou assassino?

Sócrates: Estou somente fazendo uma pergunta de cada vez. Devo repetir a pergunta?

Herodes: Não.

Sócrates: Então você vai respondê-la?

Herodes: (Suspiro...) Tudo bem. Esse caçador é um tolo, Sócrates!

Sócrates: E porque é um tolo?

Herodes: Você não me dá sossego, não é?

Sócrates: Não. Você não diria que ele é tolo porque alega saber o que não sabe, isto é, que é só uma corça no arbusto, e não seu companheiro de caça?

Herodes: Suponho que sim.

Sócrates: Ou suponha que uma companhia fosse fumigar um prédio com um produto químico altamente tóxico para matar algumas pragas e você fosse responsável por evacuar o edifício primeiro. Se você não tivesse certeza de haver pessoas no edifício e mesmo assim desse ordem para fumegar, esse seu ato seria sábio ou tolo?

Herodes: Tolo, obviamente!

Sócrates: Por quê? Não é porque você estaria agindo como se soubesse algo que realmente não sabe, isto é, que não havia pessoas no edifício?

Herodes: Sim.

Sócrates: E agora, você, doutor. Você mata fetos – por quaisquer que sejam os meios, não importa; poderia ser com revolver ou veneno. E você diz que não sabe se eles são pessoas humanas. Isso não é agir como se você soubesse o que não sabe? Não é uma insensatez – na verdade, o cumulo da insensatez, em vez de sabedoria?

Herodes: Eu suponho que você quer que eu diga mansamente: “Sim, de fato, Sócrates. Qualquer coisa que você diga é certa, Sócrates...”.

Sócrates: Você pode se defender desse argumento?

Herodes: Não.

Sócrates: Esse argumento o devorou como um tubarão, do mesmo modo que você devora os fetos.



Pensem nisso.

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