terça-feira, 29 de março de 2011

Lutero, “católico”? Nem sonhando.

Por Thomas Ricci, 30Giorni

Tradução montfort.org.br

Entrevista com Theobald Beer, 81 anos, um sacerdote católico, autor de um livro que revoluciona a tese mais difundida acerca de Lutero. Dissipou muitos estereótipos: o monge de Wittenberg despreza Santo Agostinho, não é occanista, é contradito por Melanchthon. Mas, o problema real é a sua falsa cristologia.

O trono de José Lortz e seus discípulos, incluindo os eminentes professores, como Erwin Iserloh e Peter Manns, começa a ruir? Sua interpretação de Lutero, durante décadas, considerado o melhor no campo católico, está sofrendo fortes críticas por parte de muitas áreas novas e inexploradas da pesquisa. Um livro em particular, tem feito uma reviravolta de todo o ambiente “luteranófilo” despertando a ira da escola lortziana: se trata de “Der Wechsel und Streit Fröhliche”, “O Intercâmbio e a Feliz Disputa”, lançado na Alemanha Oriental já 1974 e republicado no Ocidente em 1980 por Johannes Verlag, editora suiça dirigida pelo teólogo Hans Urs von Balthasar. O autor é Theobald Beer, um sacerdote católico já ancião, agora com 81 anos, que foi pároco durante quase quarenta anos em Leipzig, desde 1949 cidade da República Democrática Alemã.

Theobald Beer é um personagem singular, simpatissíssimo. Vive sozinho em Regensburg (República Federal da Alemanha), a antiga Ratisbona, Bispado da Baviera Oriental. Ele mora em um apartamento modesto, repleto de livros em todas as paredes, os quais se destacam os volumes da Ausgabe Weimarer de textos de Martinho Lutero. “Eu comprei para meu irmão que morava em Mônaco, no oeste. Eu sei que certamente não poderia pagá-lo”, diz ele, entristecido. Por seu livro recebeu o doutoramento em teologia honoris causa em 1977 na Universidade de Regensburg.

O sr. objeta que Lutero tenha construído uma cristologia falsa. Não é apenas uma acusação gratuita…

Theobald Beer: Não é uma acusação minha. É um fato. Os textos de Lutero sobre esta questão são inequívocos. Num texto de 1509, especificamente as anotações De vera religione di Agostino, Lutero diz: “Cristo é feito (factus) à imagem de Deus, hipostaticamente (ou seja, como uma substância real ndr), mas um acréscimo (additus) a esta”. Bem, os padres da igreja diriam àqueles que afirmassem isso sobre Cristo, anathema sit.
A afirmação de Lutero está, entre outras coisas, em claro contraste com Santo Agostinho, que, ao contrário, argumenta que Cristo é Imago Dei e não factus ad imagem Dei, como se fosse qualquer parte da criação de Deus.

A idéia de um Lutero profundamente “agostiniano” é, portanto, falsa…

Beer: Não resta a menor dúvida. Lutero rejeita Agostinho. Há inúmeras passagens em que ele comenta Santo Agostinho com ironia.

Pois então, quem é Cristo para Lutero?

Beer: Respondo com as palavras do próprio Lutero. Em uma anotação de 1511, ele escreve: “Quando perguntei que coisa – atenção: Lutero não diz quem é Cristo, mas, que coisa é Cristo – lógicamente respondo que ele é pessoa. (Lutero rejeitava a lógica ndr.). O teólogo ao contrário disse: Cristo é a rocha, pedra angular “. Lutero explica o que ele quis dizer com isso. Cristo é a rocha que nos protege da ira de Deus.

Cristo como “função” e não como “pessoa”?

Beer: Exatamente. Lutero faz uso da palavra hipostáse, mas a anula acrescentando a expressão sed additus. Lutero diz abertamente que Cristo não é uma pessoa; sobrando apenas a função de cobertura da ira de Deus. Cessando a “função” também Cristo deixa de ser.

As interpretações em voga na Alemanha são prevalentemente do tipo “histórica”, e particularmente atendendo uma atmosfera ecumênica. Francamente, cheguei a ler uma interpretação “supraconfessional” ou “preconfessional” de Lutero. Ao contrário, o sr. concentra sua análise sobre a cristologia de Lutero, sobre a questão “Quem é Cristo para Lutero”. Por quê?

Beer: A Cristologia é o cerne da questão. A partir da posição que ele assume frente a Cristo, depende todo o resto. Lutero não compreende a profunda unidade presente na encarnação. Em 1508, ele escreveu: “Se dizemos que Cristo é composto (compositus) e se se entende o termo em seu sentido estrito (proprie), então ele está certo. Se, ao contrário, se afirma que Cristo é constituído (constitutus), então ele é falso”. Como se vê, Lutero tende a divisão. Não foi por acaso que um dos seus contemporâneos, Hieronymus Dungersheym, o acusou de arianismo. Também Scbwenckfeld, um nobre da Silésia, que foi inicialmente ligado à Lutero, em um ponto escreveu-lhe: “Seu discípulo Vadian em St. Gallen está sustentando que a humanidade em Cristo é uma adição. Mas isso não está de acordo com o que dizem os padres da Igreja”. O próprio Lutero, em 1511, andava fazendo afirmações como esta: Cristo é feito pelo Pai, nascido pela Mãe.

Como é que ninguém percebeu esses gravíssimos erros cristológicos?

Beer: A pouco se acorda da condição de atribuir a Melanchthon esses erros, que se sabe ter “propagado” Lutero na Alemanha. Na verdade Melanchthon é um humanista cristão que apoia exatamente o oposto de Lutero. Quanto a questão da redenção e da criação, Lutero diz: humanitate nihil cooperande (Yves Congar notou que se trata de uma espécie de monergismo, que equivale a dizer que a humanidade de Cristo não coopera com a justificação), Melanchthon fala ao contrário, de natura conditrix; a natureza humana de Cristo participa da criação. Mas ninguém se preocupa em confrontar os dois autores.
Claro que também há razões bem objectivas que explicam esse atraso. As anotações milequinhentistas de Lutero ficaram à margem de numerosos textos, e só foram descobertos por volta de 1900! E elas são a prova decisiva. Para entendê-las, é necessário também conhecer Santo Agostinho, Pedro Lombardo, Tauler, Gabriele Biel, este último um teólogo excelente. O desconhecimento destes autores é um obstáculo para muitos. O Concílio de Trento não sabia desses textos, ou, de outra forma, Lutero teria sido diretamente condenado.


Seu livro suscitou uma inflamada controvérsia, especialmente nos círculos católicos.

Beer: As revisões críticas que recebi desconsideram a maior parte do que Lutero escreveu sobre o tema da cristologia. Para esses críticos vale o critério que posto que não deve ser, não pode ser. Lutero não pode ter escrito essas coisas a respeito de Cristo: e ainda assim ele o fez. Lutero não poderia ter utilizado fontes neoplatônicas para seu pensamento, mas ainda assim o fez, com a Theologia Deutsch. Lutero não poderia ter feito extensa referência a Hermes Trismegisto: mas isso é exatamente o que ele fez!
Lutero está repleto de referências anti-bíblicas e é estranho que não se queira ver.

E os protestantes, que dizem sobre os especialistas católicos que estudam Lutero?

Beer: Eu poderia citar o nome de proeminentes estudiosos protestantes que têm me perguntado: “mas porque a Igreja Católica deve repetir todos os disparates que fizemos no passado?”. Certa vez, um exegeta protestante me disse: “Quando eu vejo os exegetas católicos que adotam os mesmos princípios que nós havíamos abandonado, me dá um medo infernal. Penso se seremos punidos por isso”.


Com seu livro, o sr. pensa ter dificultado o diálogo ecumênico?

Beer: O verdadeiro ecumenismo eu o conheci em minhas conversas com os protestantes do leste. Além disso, não se pode fazer ecumenismo se nem mesmo se pode falar de Lutero.

T.R.

[De "30 Giorni", ano I, n. 04 de junho de 1983, pp 56-58, apud Contro la leggenda nera]

---> Comentários do Blog:

Já faz um tempo que tenho me espantado cada vez mais com a capacidade que certas pessoas tiveram para esconder a verdadeira face de Lutero. A imagem apresentada dele, como de um bom católico que só queria reformar a Igreja. Hoje muitos historiadores já não consideram o que muitos chamam de "reforma protestante" como uma reforma, e sim uma revolução protestante. Também já se sabe que uma reforma de fato passou a ocorrer antes da "reforma protestante", que erroneamente passou a ser chamada contra-reforma, como se fosse apenas uma reação.

Quando me tornei católico, tinha essa mesma ideia. Deixei de ser protestante pelas evidencias históricas e bíblicas, além da total falta de fundamento do protstantismo (engraçado que quando um católico me falou que o protestantismo não tem fundamento, cheguei a me sentir quase ofendido, tamanha a "arrogância" dele). Achava que pela falta de comunicação e a diferença da velocidade de informações em relação a os tempos atuais, por exemplo, teriam sido uma das principais causas da falta de entendimento. Isso porque a imagem que hoje ainda se apresenta de Lutero, que já está a mudar, era de um bom católico, e suas doutrinas normalmente apresentadas eram bem parecidas com as da Igreja.

Com o tempo vi que varios estudiosos protestantes sabem disso, mas não divulgam, alias, ainda fazem questão de dar a entender a mesma idéia de Lutero como quase um santo.

Infelizmente, vários malabarismos intelectuais têm sido feitos por certas pessoas, com afirmações de que não devemos dar credito em muitas coisas que Lutero disse, pois podem estar descontextualzadas, e que ele passava por muita pressão (tadinho, rs). Ora, é pelo fogo que se prova as obras de cada um. É claro que na época havia um certo perigo em algumas questões, pois boa parte das pessoas viviam com medo do diabo, purgatório, inferno, e assim vai, porém, não esse fato não justifica a defesa de erros teolóticos e blasfêmias. Mesmo que ele pensasse, ora, todos pensam coisas ruin é óbvio, mas porque dizer ou escrever? Isso significa apenas que se pensava e acreditava seriamente nisso.

Pode-se tentar demonstrar as causas, mas não se pode mudar o fato de que ele disse tais coisas absurdas, como citarei no final do comentário. Assim, penso que até mesmo os protestantes (os que forem honestos) devem mostrar de fato como o "reformador" era. Principalmente porque ele não era esse coitado apresentado em filmes e certos livros de "história". Ele teve o apoio de vários poderosos. Em um filme, coitado, enquanto ele estava em um lugar escondido traduzindo a bíblia (que supostamente ninguém lia), houve revoltas que posteriormente foram criticadas por ele. A história de fato mostra que ele incitou várias revoltas.

Enfim, há muito o que se dizer sobre a revolução protestante. Quem se interessar no assunto indico o os livros de Daniel Rops sobre o tema. Deixo, então, algumas poucas (mas fortes) citações de do "Papa" Lutero:.

 "Cristo Adúltero. Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte [do poço de Jacó] de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: "Que fez, então, com ela?" Depois, com Madalena, depois, com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve que fornicar, antes de morrer"


"Deus age sempre como um louco"


"Certamente Deus é grande e poderoso, e bom e misericordioso, e tudo quanto se pode imaginar nesse sentido, mas é estúpido"


“Não devemos ceder aos ímpios papistas (...) Nossa soberba contra o Papa é necessária (...) Não havemos de ceder nem a todos os anjos do céu, nem a Pedro, nem a Paulo, nem a cem imperadores, nem a mil Papas, nem a todo mundo (...) a ninguém, cedo nulli.” 

domingo, 20 de março de 2011

Testemunha do massacre da igreja de Bagdá, ocorrido em 31 de outubro de 2010

Já havia postado um video sobre esse massacre, mas só hoje vi esse testemunho de alguém que estava lá.

O vídeo que me refiro é esse: http://porquecreio.blogspot.com/2010/11/video-do-massacre-na-catedral-catolica.html

Fica aí registrado para nós, que negamos a Cristo por qualquer tentação:


quarta-feira, 9 de março de 2011

Pretextos da revolução protestante e sua refutação

Bom, já há algum tempo não chamo mais a "reforma" protestante de reforma. De fato ela não foi. Alias, vários protestantes hoje em dia também não chamam mais de reforma, e sim de revolução, como alguns hoje que pregam uma nova revolução protestante, quando criticam (com razão) o que as igrejas evangélicas se tornaram.

Esses dias encontrei na internet um texto bem interessante sobre a "reforma" protestante, e como já faz um tempo que não posto sobre nenhum assunto, resolvi colocar esse texto aqui.

Sugiro também a leitura do livro, que está disponível para download no link que será citado no final do texto.


Pretexto - A Igreja Católica encontrava-se em uma fase de decadência. Os abusos proliferavam. A venda de cargos eclesiásticos, a vida de luxo em que vivia o alto clero, a corrupção de muitos prelados escandalizavam os fiéis. A reforma foi uma reação contra este estado de coisas, com o objetivo de restaurar a Igreja e restabelecer a sua simplicidade primitiva.

Refutação - Descontados todos os exageros apresentados por certos livros de História, lamentavelmente havia na época muitos abusos, e era grande a decadência dos costumes eclesiásticos. A par, aliás, de muita virtude e muita santidade. Entretanto, os historiadores modernos reconhecem que isto não foi verdadeiramente a causa da revolução protestante.

A verdadeira reforma católica, e que corrigiu verdadeiramente os abusos existentes, teve início antes de Lutero começar a difundir os seus erros. Portanto, quando explodiu a Pseudo-reforma, as condições da Igreja haviam melhorado sensivelmente. Os verdadeiros reformadores católicos já haviam iniciado a sua obra regeneradora.

Ademais, a vida corrupta de Lutero e de outros falsos reformadores desmente essa alegação, pois de fato eles contribuíram para aumentar a decadência dos costumes, permitindo a introdução do divórcio e até autorizando a bigamia, além de abolir o celibato eclesiástico.

Finalmente, o que os protestantes atacavam não eram os eventuais abusos, mas a própria instituição hierárquica do clero e o que a doutrina católica tinha de mais essencial. A doutrina de Lutero mostra bem que ele pregava uma nova religião, e não uma reforma na Igreja Católica.


Pretexto - A Bíblia, palavra de Deus, era desconhecida dos fiéis. Os padres escondiam a Bíblia, para impor ao povo simples uma religião que não correspondia aos verdadeiros ensinamentos de Cristo, e assim conservar os seus privilégios pessoais.

Refutação - Em qualquer época histórica, a Igreja recomenda aos fiéis cautela na leitura da Bíblia, dada a grande dificuldade de interpretação de certos textos.

Isto entretanto não significa que naquela época os fiéis não pudessem ler os Livros Sagrados. Muito antes de Lutero, com o desenvolvimento da imprensa, a Bíblia era largamente difundida pelos vários países da Europa. Desde o aparecimento da imprensa até 1520, surgiram 156 edições da Bíblia am latim. Para atender ao público que não entendia o latim, foram feitas numerosas traduções para a língua vernácula. Entre 1466 e 1520 surgiram 22 edições da Bíblia traduzida para o alemão. A primeira tradução italiana surgiu em 1471; a holandesa em 1477; a francesa em 1487; e a espanhola em 1485. A tiragem de cada edição variava de 250 a 1600 exemplares.

Portanto, a afirmação de que foram os protestantes que possibilitaram ao povo a leitura da Bíblia não passa de uma das muitas invenções criadas pelo ódio à Igreja Católica, sem qualquer fundamento histórico.


Pretexto - A Religião, como aliás toda a sociedade humana, é fruto da economia. As grandes transformações econômicas do século XVI tiveram grandes repercussões no terreno religioso, dando origem à reforma protestante.

Refutação - Essa tese corresponde à interpretação marxista da História. O materialismo histórico é que coloca a economia como sendo o eixo em torno do qual giram os acontecimentos humanos.

Se esta tese fosse verdadeira, a reforma protestante deveria ter estourado na Itália, que era sem dúvida a mais "avançada" região européia da época. A Itália prosperava enormemente, e seus homens de negócio manobravam grande parte da economia de então. Basta lembrar o exemplo dos Médicis, para se ter uma idéia do desenvolvimento econômico da Península. A burguesia italiana era uma das mais prósperas e importantes do século XVI. Pelo contrário, a revolução protestante encontrou seus primeiros sucessos na Alemanha, menos desenvolvida economicamente naquele tempo.

Convém lembrar ainda que os grandes homens de negócio, os que manobravam as grandes fortunas, até o século XVII eram em sua maioria católicos.


Pretexto - A reforma foi uma conseqüência da ambição dos príncipes alemães, que queriam apoderar-se dos bens da Igreja e subtrair-se à autoridade do Imperador.

Refutação - É certo que a ambição dos príncipes alemães contribuiu poderosamente para a consolidação e expansão do protestantismo, como também é certo que alguns deles procuraram tirar vantagens políticas e econômicas da luta religiosa. Mas é historicamente certo também que a maioria dos príncipes que apoiaram Lutero agiu por razões religiosas.

Além disso, a posição dos príncipes que apoiavam a revolução protestante não era tão cômoda como parece. Na Alemanha, por exemplo, os príncipes protestantes tiveram que travar uma guerra prolongada com o Imperador Carlos V. Portanto, apoiar os protestantes não era tão vantajoso assim. Inclusive corriam o risco de perderem os próprios bens, em caso de derrota.

Por outro lado, houve na mesma época príncipes católicos que, apesar de perseguir os protestantes, também confiscaram bens eclesiásticos, como foi o caso do Rei Francisco I, da França.

Pretexto - O protestantismo foi fruto da revolta das classes humildes contra as oligarquias eclesiásticas e civis dominantes na época.

Refutação - Esta tese pode ser refutada apenas pela demonstração de que havia protestantes em todas as classes sociais, desde os camponeses até a mais alta nobreza. A parte mais propulsora do protestantismo era precisamente a formada pelo alto clero, alta burguesia e alta nobreza. Basta citar o exemplo da Inglaterra, em que o Rei Henrique VIII, com o apoio do episcopado e da nobreza, levou toda a nação à apostasia.


Pretexto - O Papa Leão X, com o objetivo de conseguir dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, iludia o povo ignorante com a venda de indulgências. Lutero revoltou-se contra isso e procurou esclarecer o povo. Em conseqüência, foi excomungado e expulso da Igreja.

Refutação - Indulgência, no sentido mais amplo da palavra, significa perdão da culpa ou pena merecida. Em linguagem teológica tem sentido mais restrito, e significa o perdão da pena que se deveria sofrer no Purgatório pelos pecados já cometidos, e já perdoados quanto á culpa.

Deus, ao perdoar os pecados, pode reservar-lhe certa pena ou castigo a sofrer no Purgatório. Para evitar essa pena, temos dois modos: um é praticar boas obras na graça de Deus; o outro é alcançar indulgências. Por estas, a autoridade eclesiástica perdoa-nos no todo ou em parte essa pena, aplicando em nosso favor as satisfações de Cristo e dos santos.

Para lucrar as indulgências, além dos requisitos que prescreve quem as concede, é necessário estar na graça de Deus. A doutrina das indulgências sempre foi aceita e posta em prática na Igreja.

O Papa Leão X, para conseguir fundos para a construção da Basílica de São Pedro, concedeu uma indulgência plenária a quem, estando nas disposições necessárias para lucrar a indulgência, entregasse uma esmola para esse fim. Lutero, que não admitia a necessidade da cooperação do homem na obra da salvação, não aceitava a doutrina da Igreja sobre as indulgências. Pode ter havido abusos, mas foi contra a própria doutrina católica a respeito desse ponto que Lutero se revoltou.

Aliás, a "questão das indulgências" foi mero pretexto para a revolta. Vários anos antes, Lutero já defendia e propagava idéias abertamente heréticas. Por detrás da questão das indulgências estava a negação de vários outros pontos doutrinários.

http://www.revolucao-contrarevolucao.com/verartigo.asp?id=26