segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Pedro nos Atos dos Apóstolos – Autor Desconhecido

Não querendo dar-se por vencido, o protestante volta à fala, dizendo que a melhor prova de que Pedro não recebeu especial autorização para dirigir a Igreja é que nunca fez uso dessa investidura.

A crermos em suas palavras, os “Atos”, livro em que São Lucas nos deixou os fatos mais salientes da atividade dos apóstolos, nada nos dirão acerca do exercício do primado de São Pedro. Mas, como tudo isso anda longe da verdade!

Admitindo-se, por hipótese, que Pedro jamais houvesse posto em prática os direitos da sua primazia, poderíamos concluir daí que esse direito não lhe pertencesse? Não e não. Onde já se viu que uma lei deixasse de existir só porque alguém deixou de se utilizar das vantagens que ela lhe oferecia?

Ora, as palavras de Cristo valem por uma lei, dando a Simão-Pedro o direito de governar a Igreja, fazendo-lhe as vezes aqui na terra; se Pedro não tivesse exercido esse direito, poderíamos assim explicar o fato: que não tivesse havido precisão de exercitá-lo.

Repetimos o que acima deixamos dito: o não-uso de um direito concedido por Deus não serve de prova de sua não-existência.

Mas será mesmo exato que os outros apóstolos não deram sinais de reconhecer essa primazia? Será ainda exato que a história da Igreja não contenha certos vestígios de haver ela sido posta em ação? O protestante acha isto tão indubitável que escreveu o seguinte: “a ausência do sol ao meio dia não é mais notável do que a ausência da supremacia oficial de São Pedro nas páginas do Novo Testamento”.

Vamos aos fatos. Não terão os apóstolos dado mostras de reconhecer a primazia de São Pedro? Por que então todos os evangelistas, sem exceção de um só, todas as vezes que falam nos Doze ou os mencionam pelos respectivos nomes, dão a Pedro o lugar de honra e primazia? Não lhe parece que tal prioridade seja altamente significativa, especialmente depois das antigas contendas para saberem qual deles era o maior? Outrora queriam saber qual deles era o primeiro: agora é o próprio São Mateus quem nos afirma no seu Evangelho: “Primeiro, Simão que se chama Pedro” (X, 2).

Recordemos os primeiros capítulos dos “Atos”, onde São Lucas relata os mais notáveis sucessos da Igreja primitiva. Que é que neles se lê? Lá aprendemos que foi São Pedro o primeiro a anunciar o Evangelho aos judeus, depois da morte do Salvador; por sinal que com seus primeiros sermões converteu três mil pessoas (II, 41). Que foi São Pedro quem admitiu na Igreja os primeiros gentios (X, 9 e seguintes). Que foi Pedro quem operou o primeiro milagre em confirmação da fé em Jesus Cristo (III, e seguintes).

Dizem-nos os “Atos” que, da mesma forma que o povo fazia com o Salvador, fazia com Pedro, no sentido de levarem até ele grande número de enfermos para que os curasse (V, 15).

Acha pouco tudo isto? Pois ouça mais. Leia os “Atos” (I, 15 e seguintes) e lá verá que foi São Pedro o apóstolo que promoveu e presidiu a eleição de um novo apóstolo para substituir a Judas. Pelos “Atos” (II, 14; IV, 8) verá também que foi São Pedro o primeiro a tomar a defesa de seus colegas contra o sinédrio, que queria impedi-los de pregar. Leia nos “Atos” (VIII, 20) Pedro condenando, com pasmosa autoridade, o primeiro herege simoníaco.

Se Pedro é preso por ordem de Herodes, toda a Igreja se põe em oração até vê-lo milagrosamente salvo (Atos XII, 3). Parece pouco tudo isto? Pois escute: quando, em Jerusalém, se reúne o primeiro concílio para decidir acerca de uma questão importantíssima, é Pedro o primeiro que toma a palavra e põe termo à controvérsia (Atos XV, 7 e seguintes).

Sempre Pedro é visto como chefe supremo, na defesa da fé e dos bons costumes, na propagação da Igreja, na promulgação das leis, no dom dos milagres, no papel de imediato representante de Jesus Cristo.

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