sábado, 26 de maio de 2012

Origem do Alcorão (4) - Os argumentos da profecia e unidade

Os artigos anteriores sobre o assunto podem ser vistos aqui: 1 / 2 / 3


Argumento das profecias. O Alcorão contém profecias preditivas que provam sua origem divina? Isso é tratado em detalhes no artigo MAOMÉ, SUPOSTOS MILAGRES DE (na Enciclopédia Apologética).


Entre os pontos destacados estão os seguintes:

A maioria das predições são na verdade exortações de um líder militar-religioso para continuarem lutando que Deus lhes daria a vitória. A única predição substancial foi a respeito da vitória romana sobre o exército persa em Issus (30.2-4), que não aconteceu no período de tempo dado pela profecia de "dentro de pouco anos" era esperada.

A única outra profecia digna de nota é uma referência a dez noites encontrada na surata 89.2, que é interpretada como uma predição velada dos dez anos da perseguição sofrida pelos primeiros muçulmanos. Essa é uma interpretação duvidosa, já que o versículo aparentemente fala de peregrinação.

Argumento da unidade. Insistir que o Alcorão deve ser revelação divina porque é coerente e não-contraditório também não é convincente. Às vezes, as relações de Maomé foram mudadas, incluindo os "versículos satânicos" citados acima, em que a revelação original permitia que certa tribo adorasse deuses pagãos (53.21-23). Essa é uma questão séria para o profeta que acredita que o politeísmo é o pior pecado.

Todo o conceito de abrogação (mansukh), em que erros prévios foram corrigidos por versículos posteriores (chamados nasikh), revela a falta de unidade no Alcorão. Lê-se na surata 2.1: "Não anulamos nenhum versículo, nem fazemos com que seja esquecido (por ti), sem substituí-lo por outro melhor ou semelhante. Ignoras, por acaso, que Allah é Onipotente?". Por exemplo, a surata 9, versículo 5 é chamada "o versículo da espada", e supostamente anula 124 versículos que originariamente encorajavam a tolerância (cf.2.256).0 Alcorão diz enfaticamente "Não há imposição quanto à religião" (2.256), mas em outros trechos incentiva os muçulmanos: "Combatei aqueles que não crêem em Allah" (surata 9.29) e"matai os idolatras, onde quer que os acheis (9.5).Nasikh é uma contradição porque o Alcorão afirma que"... as palavras de Allah são imutáveis.." (10.64), que, segundo eles afirmam, o Alcorão é. Pois"... Nossas decisões são inexoráveis.. "(6.34). Mas o Alcorão ensina a doutrina da abrogação pela qual revelações posteriores anulam as anteriores.

Como Gerhard Nehls observou astutamente: "Gostaríamos de descobrir como a revelação divina pode ser melhorada. Ela deveria ser perfeita e verdadeira desde o princípio" (Nehls, p. 11). Alguns muçulmanos, como Ali, afirmam que abrogação é apenas "revelação progressiva", adaptando a mesma mensagem de Alá a pessoas diferentes que vivem em períodos diferentes. "Mas a surata 2, versículo 106 [sobre abrogação] não fala de cultura ou revelação progressiva com referência às escrituras dadas antes de Maomé, mas apenas aos versículos alcorânicos!" (Nehls, p. 2). A revelação de Deus, progressiva, durante 1 500 anos, faz sentido, conforme ocorreu com a Bíblia (v. PROGRESSIVA, REVELAÇÃO – Na Enciclopédia Apologética). Ela traz o cumprimento e amplia ensinamentos anteriores, em vez de fazer correções, e certamente não depois de vinte anos. Isso parece particularmente verdadeiro pelo fato de os versículos corretivos estarem geralmente próximos dos que são corrigidos. Além disso, há versículos que as abrogações alcorânicas aparentemente esqueceram de redigir. A surata 7 versículo 54 diz que o mundo foi criado em 6 dias. Mas a surata 41, versículos 9-12, diz que Alá levou um total de oito dias para criar o mundo (2 + 4 + 2). Como ambos podem estar corretos?

O Alcorão também afirma que os seres humanos são responsáveis pelas próprias escolhas (18.29), e que Alá de antemão selou o destino de todos, dizendo: "E a cada homem lhe penduramos ao pescoço o seu destino e, no Dia da Ressurreição, apresentar-lhe-emos um livro, que encontrará aberto" (17.13; v. tb. 10.99,100).

Mesmo que o Alcorão fosse coerente, unidade ou coerência é na melhor das hipóteses um teste negativo para a verdade, não positivo. É claro que se um livro é de Deus, inerrante, ele não conterá qualquer contradição. Mas só porque um livro não tem contradições não significa que Deus seja o autor. John W. Montgomery observou com perspicácia: "A geometria de Euclides é coerente, mas isso não é suficiente para denominá-la divinamente autorizada" (Montgomery, p. 9).

Coerência é o tipo de argumento que muitas pessoas (mesmo cristãos) usam para seus livros sagrados. Mas nem todos podem ser a Palavra inspirada de Deus, já que são mutuamente contraditórios. Unidade em si não prova autenticidade divina, ou todos os livros sagrados coerentes que contraditórios seriam verdadeiros. A Bíblia é pelo menos tão coerente quanto o Alcorão, mas nenhum muçulmano admitiria que, por isso, ela seja inspirada por Deus.

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